Democracia para mim, numa nação, é tudo. É a única capaz de, com todos seus defeitos, garantir uma política, no mínimo, participativa.
Hoje, pós-eleições, venho 'desabafar' o que durante todo esse período guardei para não interfirir na liberdade do outro.
Moro em São Paulo há quatro anos. E nesse período aprendi tanto que acumulei uma grande dívida com esse estado. No entanto, posso dizer, sem medo, que São Paulo não é e nunca será superior as outras regiões do Brasil, só se diferencia pela grande diversidade cultural.
Lembro-me de ouvir um dia, no ponto de ônibus, que só quem votava no Lula e na Dilma era 'os menos favorecidos e esclarecidos do nordeste'. Ouvi, calada, isso várias vezes durante todo período das eleições de diferentes formas, mas com o mesmo significado, pela mídia, por amigos, por membros familiares(nordestinos), intelectuais, professores e entidades religiosas.
Ao refletir esses comentários, notei que, certamente, quem dizia isso se exclui, automaticamente, da condição de menos favorecido e esclarecido e considera, portanto, que todos os paulistanos estão em perfeitas condições sociais e intelectuais.
Mas, mesmo se isso fosse verdade, por que quem deveria decidir o futuro da nação são os que já tem boas condições?.
E pensar que a mídia pôde, em alguns momentos, excluir a validade dos votos das classes C e D, por constituírem a grande parte do eleitorado petista, é para mim um motivo de grande tristeza.
Como nordestina e , acima de tudo, brasileira, protesto contra isso, que não é nada, além de grande preconceito.
O fato é, os dados comprovam:56% não representa toda população dos menos favorecidos e esclarecidos do Nordeste, apenas que a maioria dos brasileiros e brasileiras votaram e escolheram a petista.
Gostaria que todos dos quais ouvi essa frase parasse um só minuto para refletir o impacto . Inferiorizar uma camada da população, apenas por se valer do seu direito de escolha, é um absurdo.
Sendo assim, como diria Schopenhauer, 'Democracia' é um disputa livre por votos. Seja qual for os critérios de votação de cada eleitor, o que importa, na verdade, é sua participação.
O que nos leva, afinal, à urna, se não for, primeiramente, a esperança de um futuro melhor para nosso país? Os que não a teve, não votaram ou anularam seus votos, mas, todos o que decidiram entre um a outro candidato cumpriram seu dever e direito.
Eu espero que com o tempo, essas rotulações contra o povo nordestino sejam banidas da mente dos brasileiros. E não culpo os paulistas, porque até alguns próprios nordestinos acreditam nisso. Para mim, isso se deve a burguesia que nos ditou durante séculos o que devíamos pensar, fazer e até sonhar. Hoje, o Brasil toma um novo rumo. É a maioria que 'precisa' que decide e não a minoria classe A.
Dessas eleições, tiro uma grande lição. Quem votou não foi a imprensa, não foi as religiões, não foi nenhum orgão. Foram cidadãos com suas crenças, condições de vidas e orientações políticas que depositaram sua confiança em alguém.
E esse alguém, a partir de 2011, é a 40ª presidenta do país.Um fato memorável, a primeira mulher eleita.
By: Patrícia Freire
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