sexta-feira, 27 de março de 2009

Um Marco Histórico

Por Guilherme Peace

Para todos os que estiveram no último domingo, dia 22 de Março, na Chácara do Jockey em São Paulo, assistindo ao show do Radiohead, tenho certeza de que a sensação de ter participado de algo histórico, foi tão forte quanto é em mim.
Cheguei aos portões por volta das 14 hs, onde tirei a sorte grande ao encontrar o Breno Vetorassi, Cézinha, Bozano e alguns dos antigos amigos e conhecidos de Ribeirão Preto. Não fosse este fato, eu teria que ir para o longíquo fim da fila...
É claro que a energia no ar era quase palpável, principalmente por podermos ouvir a passagem de som através do muro. Quando os portões foram abertos às 15 hs, todos utilizaram desta energia para correr, tentando pegar um bom lugar. Fiquei, junto dos amigos de Rib, tão próximo ao palco que não acreditava na sorte. Foram 4 longas horas de espera, em pé, sentado ou deitado, no meio da multidão. Quatro horas muito bem compensadas, no simples fato de ver Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Bruno Medina e Rodrigo Barba entrando no palco, além dos metais, e um coro arrepiante de "Todo carnaval tem seu fim", música de abertura do show.
Aliás, seria imbecilidade de minha parte não chamar de "arrepiante" o coro de todas as canções dos Los Hermanos. Praticamente trinta mil vozes, emocionadas, cheias de carinho e indentificação com as músicas da banda que não viam em palco desde o hiato, há cerca de dois anos.
Além das músicas, a multidão entoava um "volta!volta!", que os integrantes da banda preferiram ignorar. Contando com a frase de Amarante - "meu Deus! Tem muita gente aqui!" - e as dancinhas dele e de Camelo, o show foi completo. Quase 1 hora e meia de show, sem bis.
Em seguida, e muito pontualmente, os robóticos alemães do Kraftwerk subiram ao palco, com toda a elegância tão própria.
Vê-los parados, enquanto o telão e as músicas interagem tão fortemente com o público, é fascinante.
Muitas pessoas se sentiram incomodadas pelo fato da música eletrônica não estar em plena harmonia com o estilo do evento, o que não é verdade, já que o próprio Thom Yorke demonstra enorme influência da banda alemã em músicas do Kid A, como Idioteque, por exemplo.
Apesar de todo o conceito artístico de Kraftwerk, o tempo de espera e o fato de a maioria dos espectadores não poderem cantar junto, fez com que o show ficasse um pouco cansativo. Mas muito bonito.
E, enfim, o palco é arrumado para o grande desfecho. Os tubos de luz até então escondidos nas laterais, tomam o centro e se espalham de maneira uniforme. Vêmos um dos roadies trazer a tão bela e famosa guitarra de Jonny, uma stratocaster já bem arrebentada, que os fãs o viram usar por tantos anos em vários vídeos. E então, eles.
Thom, Colin, Phil, Jonny e Ed, como deuses encarnados (pelo menos é como a gritaria dos fãs os tratou), assumem suas posições, quase timidamente. E um show para nunca mais se esquecer, para separar em duas partes a vida de qualquer um, para mudar os conceitos de show belo e artístico e profissional e bem produzido, começa.
A energia deles, a pegada de Jonny, o alheísmo de Thom, a simpatia e profissionalismo de Colin e Ed, a sobrieidade de Phil, contagia com facilidade todo o público.
Impossível não gritar, impossível não dançar em "15 Step", impossível não sentir a sensualidade de "Idioteque", mas ainda mais impossível, improvável, inconcebível, não se debulhar em lágrimas em "Fake Plastic Trees".
A união perfeita entre luz e som, a voz de Thom, os arranjos de Jonny e Ed... A banda simplesmente mostrou que, no que fazem, são os melhores.
É claro que estas são opiniões de um fã que, três dias após o show, ainda não consegue deixar de sentir a comoção - sim, comoção é a palavra correta - que ver Radiohead ao vivo, causou.
Tudo, do início ao fim, do "Obrigado" dito em português por Thom Yorke, das brincadeiras de Colin e Jonny no palco, atiçando o público, do carisma de Ed, dos "bises", até o final, com a espetacular "Creep", canção já batida, mas que ainda provoca o enlouquecimento dos fãs, principalmente pelos efeitos do palco e as "fritações" de Jonny (além da emoção na voz de Thom), tudo foi perfeito.
Só consegui escrever hoje, não por falta de tempo. Só consegui escrever hoje por que apenas hoje encontrei palavras para descrever esta impressionante experiência pela qual passei. Um marco histórico. E, lendo o texto, vejo que fui medíocre ao tentar descrever o indescritível. A perfeição não cabe em um texto.
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Guilherme Peace, 25 de Março de 2009, 21hs.02min.
Com fotos de Douglas Bosco.

2 comentários:

  1. MUITO LOCO!!!
    PARABÉNS PELO SHOW, E PELO TEXTO QUE REPRESENTA MUITO BEM A SUA PAIXÃO POR LOS HERMANOS E PELO RADIOHEAD!

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  2. MUITO LOCO!!!
    PARABÉNS PELO SHOW, E PELO TEXTO QUE REPRESENTA MUITO BEM A SUA PAIXÃO POR LOS HERMANOS E PELO RADIOHEAD!

    Só pra registrar o autor do comentário!!!

    Márcio Andrade(Rob Naveya).

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