quinta-feira, 27 de agosto de 2009

As Augustas


Por Guilherme Peace



Atenção: O texto a seguir possui palavras de baixo calão, escritas de modo a melhor expressar o seu conteúdo. Não recomendável a menores de 18 anos.



A prostituição no Brasil envolve aproximadamente 500 mil garotas, de acordo com estudos realizados por ONGs responsáveis por denúncias generalizadas. A Polícia Rodoviária Federal, em balanço realizado em 2006, mapeou cerca de 1222 pontos, apenas de prostituição infantil. Porém, a idade média da prostituta brasileira é entre 18 e 30 anos. Seus clientes têm idade entre 30 e 40 anos, no geral.
A Rua Augusta, em São Paulo, é conhecida pelos bares e baladas, frequentados por pessoas de todas as idades, em especial jovens com estilos considerados "alternativos". Além disso, a Rua Augusta é conhecida pelos diversos pontos de prostituição, com fácil localização por toda a sua extensão. Andando pela rua em qualquer dia da semana, depois das 21 horas, é comum ser abordado por homens de terno preto, muito bem aparentados, que oferecem os "serviços" da casa para as quais trabalham.
O perfil das prostitutas da Rua Augusta é diferente do perfil das protitutas que fazem ponto em esquinas a céu aberto. A maioria das garotas de programa dali são jovens e muito bonitas, por muitas vezes estudantes universitárias que levam a prostituição como modo de sobrevivência mais fácil, com resultados monetários mais rápidos.

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Em um domingo, caminhando pela Rua Augusta com um amigo, fui abordado por um destes homens que ficam tentando atrair os clientes.
- Vem pra cá! - disse ele, me pegando pelo ombro - Aqui tem bucetadas na cara, sem dó nem piedade!
Chocado por tamanha sinceridade, e achando aquilo bastante engraçado (a situação), me desvencilhei e continuei andando. Meu amigo e eu fomos até um certo bar, onde tocam jazz, tomar uma cerveja. O bar estando fechado, resolvemos saciar nossa curiosidade, entrando em uma das casas, apenas para ver o ambiente.
A luz fraca e a música embriagante emprestavam ao local um ar lascivo, quase letárgico, como em um filme cult. No ar, cheiro de cigarros e perfume barato. Um balcão se estendia à direita, onde um homem com idade aparente de 50 anos preparava alguns drinques. O local estava quase vazio, sendo preenchido apenas por dois homens e duas garotas, uma delas dançando em uma barra de ferro, instalada em um canto do bar.
Como não estávamos ali como clientes, meu amigo e eu pedimos duas cervejas e nos sentamos em uma das mesas, apenas observando a moça que dançava. Eu logo bolei um jeito de saciar minha curiosidade quanto à vida destas garotas, me passando por jornalista (com os diplomas cassados, agora todos o somos).Uma das garotas se aproximou de nossa mesa, assim que seu cliente foi embora.
- Oi - disse ela, com voz sedutora.
- Oi - respondi, tentando parecer displicente.
A garota se sentou ao meu lado, perto demais para me deixar desconcertado. Procurei manter-me impassível. Era a minha chance de saber tudo o que queria. A postura da garota era a de uma fêmea no cio, mas eu sabia que tudo não passava de uma profissional encenação. Para tirar-lhe de uma vez as chances de me atacar, eu disse:
- Sou jornalista e estou aqui para entrevistar algumas meninas, pois estou fazendo uma matéria sobre os vários lados da prostituição, e me seria muito interessante saber como é a vida das garotas que trabalham aqui, o seu dia-a-dia.
Imediatamente a postura da moça mudou: os ombros se descontraíram e todo o ar luxurioso se esvaiu. Agora ela parecia apenas uma mulher cansada, mas despreocupada.
- Você está gravando ou filmando algo?
- Não - respondi prontamente - Apenas vou fazer algumas anotações posteriormente. Por enquanto só temos que conversar. Aliás, não quero atrapalhar seu trabalho, por isso, se quiser, pode ir fazer o que tem que fazer, e depois conversamos.
- Não - ela retrucou - Tudo bem. Não tem nenhum cliente mesmo. Você pode me dar um cigarro?
Enquanto tirava o cigarro do maço e acendia para a garota, percebi que uma outra moça conversava com meu amigo. Resolvi não interromper minha "entrevista", agora que minha entrevistada parecia mais relaxada.
- Como é o esquema por aqui?
- Bem - ela obviamente havia entendido minha pergunta, pois foi direto ao assunto - Nós cobramos 100 reais, no geral. Oitenta do programa e vinte do quarto. Mas podemos cobrar mais caro, se quisermos.
- Sim, é claro. E o que você faz? Digo, além de trabalhar aqui?
- Bom, eu estudo, namoro, tenho uma vida normal. Isso aqui é só o meu trabalho.
Prestei mais atenção à moça. Realmente, o perfil era o de uma universitária como qualquer outra. Era uma garota bonita, dessas que, ao cruzarmos na rua, temos o impulso quase instintivo de olhar, chamar a atenção. Uma garota como qualquer outra garota bonita e inteligente, que tanto eu quanto meu amigo namoraríamos sem nunca imaginar que era, na verdade, uma prostituta. Esse pensamento me preocupou um pouco. Resolvi fingir que não, e continuar a entrevista.
- E o quê te trouxe a trabalhar com isso?
- O jornal - ela disse, sorrindo, os belos dentes muito bem enfileirados e brancos - Ví um anúncio e resolvi me candidatar.
- Sua família sabe disso?
- Não - percebi uma leve contração em seu cenho - Estou morando em São Paulo para estudar, e minha família não imagina, quanto menos o meu namorado. Você não pode me pagar uma bebida?
- Não - respondi - estou apenas trabalhando.
- Certo. É que ganhamos comissão quando os clientes nos pagam bebidas, além de ser quase uma obrigação fazermos com que paguem.
- Entendo. E como são os clientes? Digo, para eles vocês são realizações de fantasias, ou satisfação das vontades. Mas e para vocês? Como vocês os vêem?
- Depende - ela se inclinou, pensando - Na maioria das vezes não quero nem saber o nome. Faço meu trabalho, seduzo, vendo meu peixe, se é que me entende. Mas tem vezes que o cara é legal, então até rola de pedir pra ele voltar e me escolher novamente.
- E quando o cara não é legal?
- Bem, ou eu não aceito o programa, ou cobro bem caro, para que ele não aceite o programa. Mas às vezes não tem como escapar, e temos que trabalhar do mesmo jeito, sendo o cara legal ou não.- E vocês conseguem tirar um bom lucro?
- Sim, isso sem dúvida. Não faço isso porque gosto. Faço pelo dinheiro. Tem noite que chego a fazer quatorze programas, cada um a cem reais, fora o quarto. Faça as contas, sou ruim em matemática.
- Mil e quatrocentos reais - eu disse, impressionado - É mais do que ganho em um mês.
- Pois é. Isso em uma noite. Mas no geral são cinco ou seis programas por noite.
- E você trabalha todos os dias?
- Eu não! Senão não aguentaria, já estaria acabada. Tenho vinte e quatro anos, já trabalho há três, e ainda pareço ter dezoito.
- Realmente...
- Então. Se eu trabalhasse todas as noites, não estaria tão bonita. Trabalho três ou quatro noites por semana, no máximo.
- E o seu namorado? O quê você faria se o visse entrando aqui?
- Ele não vai a estes lugares. Mas acho que levaria numa boa. É meu trabalho, e se ele não aceita, não posso fazer nada. Na verdade, um ex-namorado certa vez descobriu, e ficou bastante chateado.
Percebi que meu amigo estava incomodado com a prostituta lhe assediando ao meu lado, e resolvi finalizar o assunto.
- Muito obrigado. Só peço que não conte aos seguranças que sou jornalista, ou posso me encrencar.
- Tudo bem. Foi legal falar com você. É bom conversar com pessoas que não nos enxergam como um pedaço de carne. Volte qualquer dia desses, como cliente.
Sorri com a brincadeira e, chamando meu amigo, me levantei e saí.
Ganhamos dos seguranças um bilhete para entrar como clientes VIP em outra casa do mesmo proprietário. Agora estávamos mais animados com nossa audácia, por isso fomos.
A outra casa era maior e mais povoada. Várias garotas andavam pelo lugar, semi-nuas e outras dançavam em um palco com uma barra igual à da casa anterior. Muitas delas eram lindas e jovens, outras não. Novamente nos sentamos, tomando cerveja. Duas garotas se aproximaram.
- Vamos fazer amor? - disse sensualmente uma delas. Meu amigo se engasgou.
- Não, mas pode se sentar - eu disse. Ela se sentou bem junto a mim, a mão alisando minha perna perigosamente. Me controlei com três profundas respirações.
Me apresentei como jornalista novamente, e fiz as mesmas perguntas. Ela também pareceu mais tranquila e deixou de lado aquele ar "profissional", ficando bem mais à vontade. Percebi que, desta vez, meu amigo estava tranquilo. Conseguia conversar normalmente, assim como eu.
Quando falei sobre família e namorado, a garota tomou uma atitude diferente.
- Minha família nem imagina, é claro - ela disse, bebericando uma Coca Cola - Mas meu namorado sabe. Ele encara numa boa.
- Como assim? Ele vê apenas como trabalho?
- Você vê isso como trabalho? - ela me questionou. Sem esperar minha resposta, continuou - Isso não é trabalho. Trabalho é no McDonalds, ou o que você faz. Isso é uma forma de ganhar dinheiro, me fazendo de objeto. Eu dou, e eles pagam. Os clientes não querem saber se eu tenho que pagar aluguel, se eu vou chegar atrasada, se eu vou ficar fazendo hora extra. Não é trabalho.
- Como você vê isso então?
- Dinheiro fácil e rápido. Sujo, mas fácil e rápido. Sou bonita, sou gostosa, e eles procuram exatamente por isso. Tenho que pagar minha faculdade, meu aluguel, estudar para as provas e fazer os trabalhos que os professores pedem. Se eu trabalhasse em um emprego como qualquer outro, não teria tempo pra tudo. Além disso, ajudo minha mãe. Ela acha que estou em um call center qualquer, coitada. Mas eu não me arrependo não.
- E seu namorado não tem ciúmes?
- Mais ou menos. Ele sabe o que eu faço, mas não preciso entrar em detalhes. Ele chega, fala como foi o dia dele e eu falo como foi o meu. Digo apenas: "foi bom, tive tantos clientes" ou "foi ruim, muito parado". O que importa é a grana.
Refleti sobre aquilo, achando dificílimo de aceitar.
- E você conversa com suas amigas aqui? - perguntei, resolvendo mudar o rumo da conversa.
- Só tenho uma amiga aqui, a grunge.
Sorri com a menção da palavra, entendendo que aquelas garotas eram garotas como qualquer outra, com preferências e estilos definidos por suas personalidades.
- Ah, ela é grunge?
- Sim, ela tocava contra-baixo em uma banda.
A garota que conversava com meu amigo se virou, me cumprimentando. Meu amigo também é baixista, o que rendeu uma conversa entre os dois. A garota com quem eu conversava continuou:
- A gente conversa às vezes, quando acontece alguma coisa engraçada. Teve uma vez que o cara chegou aqui, todo fortão, pagando uma de gostosão. Sempre que entra um cara bombadinho aqui a gente já ri. Geralmente eles têm o pau pequeno, mas se acham.
Eu ri com a revelação. Ela continuou.
- Daí esse cara já veio direto em mim. "Quero ir com duas", ele disse. Chamei minha amiga e subimos para o quarto. O cara não me decepcionou. Realmente tinha o peru minúsculo. Como o tempo máximo do nosso programa é de trinta minutos, resolvi sacanear. Disse a ele que só transaria de pé, pois só assim gozava. Ele, se achando o rei da pica, aceitou. Fiquei em pé, de costas pra ele, e ele colocou o pau no meio das minhas pernas. Não houve penetração, ele apenas gozou nas minhas coxas, que eu mantive apertadas. E ainda veio me perguntar: "Gozou quantas vezes, gata?" Eu ri demais. Ele nem aguentou ir com minha amiga. Trouxa...
Me senti um pouco desconfortável ao ver uma garota como aquela, uma garota que eu facilmente me envolveria em circunstâncias diferentes, se não soubesse o que ela fazia, falando daquele jeito. Mas a história lhe era engraçada, por isso resolvi sorrir para não perder a "entrevista". Ela continuou, consultando a amiga de vez em quando, buscando aprovação:
- É, mas quando vem um do pau grosso aqui a gente passa mal, não é? Teve uma vez que eu fui embora que nem conseguia andar! Eu sentei no cara e minhas costas estalaram, meu quadril abriu, parecia que eu estava parindo!
Eu tive que pôr a mão na frente da boca para não espirrar cerveja para todos os lados, devido à crise de risos que me acometeu.
- Pois é, aqui é assim. Eu transo, transo, transo a noite inteira, daí chego em casa e faço amor com meu namorado. Lá eu me entrego de verdade, e ele nem é tão bom de cama assim. Mas com ele é amor. Aqui é só sexo, sem nenhum envolvimento ou diversão de minha parte. Tem vezes que entra um cara aqui, e eu acho ele legal, faço amizade. Quando isso acontece, eu nem subo com ele, mesmo que ele queira. Por que aí sim eu estaria traindo meu namorado. Haveria envolvimento.
- E se alguém que conhece o seu namorado entrar aqui? - eu perguntei.
- Já aconteceu. Dois amigos dele entraram aqui, me viram, ficaram chocados, mas ainda assim queriam que eu fizesse o programa com eles. Eu neguei, é claro. Quando cheguei em casa contei tudo para o meu namorado. Dias depois, os dois "amigos" foram falar com ele. Contaram que haviam me visto numa casa de prostituição. Ele disse "eu sei, ela me contou". Os dois ficaram loucos. Meu namorado, com toda a classe que possui, disse: "E vocês, da próxima vez, saiam com ela. Ela vai cobrar bem caro, e depois nós dois vamos torrar o dinheiro que idiotas como vocês pagam pra ter o que eu tenho de graça."
Me despedi da garota e meu amigo e eu saímos dali com uma lição em mente. As pessoas são como são, não importa o que façam.
Gostei muito de conversar com aquelas meninas, por mais que uma pena me acometa, em pensar que garotas tão lindas e inteligentes trabalham com aquilo. Me deu um certo medo, pois como eu já disse, se as visse na rua, jamais imaginaria que eram prostitutas. A sensação que tive é que toda aquela tranquilidade que elas passavam era falsa, assim como a sensualidade ensaiada para ganhar dinheiro. Para mim, são garotas tristes, que se viciaram na maneira mais fácil que encontraram de ganhar dinheiro, ainda que muitas delas nem precisassem tanto de dinheiro, pois vinham de famílias abastadas.
No fim, tudo o que descobri é que a gente nunca sabe quem são as pessoas de verdade. Antes eu tinha uma visão sobre as prostitutas, e agora eu tenho outra. Todos os estereótipos foram deixados de lado, inclusive os de "boa menina". Espero que a prostituição diminua, que as garotas encontrem jeitos diferentes de ganhar dinheiro, que os homens encontrem jeitos mais honestos de satisfazerem suas vontades sexuais.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Amazônia após MP458

Depois que a Medida Provisória foi sancionada pelo presidente Lula, a Amazônia está agora, em grande parte, nas mãos dos “novos” posseiros, que têm direitos de trabalharem da maneira como quiserem.


Bom, sabemos que com isso a “nossa” Amazônia só tem a perder. Sabemos dos motivos que levaram os parlamentares e o presidente a tomarem tal decisão. Temos que concordar que esses posseiros trabalhavam em situação ilegal e que dessa forma não tinham como ser monitorados. Com essa medida o governo vai ter mais oportunidade de inspecionar a forma como eles estão trabalhando e as agressões feitas à floresta.


O grande problema é que a área “doada” ou se preferir vendida (a preço de banana) é muito grande; e muitas áreas com irregularidades irão passar despercebidas. Dessa forma, sabemos que essa medida não pode ser considerada uma solução para esses problemas, ao contrário, ela causará muitos outros.


Como diz o procurador federal em Belém (PA), Ubiratan Cazzeta, "A MP vai permitir o avanço dos agentes econômicos da maneira que eles desejem e não de acordo com um planejamento de Estado”, ainda acrescenta: "Sem contar que a lei provavelmente vai abrir espaço para a oficialização de antigas fraudes."


Outro grande problema é que apesar dessas terras serem ricas, com grande diversidade de flora e fauna, ela foi praticamente doado a esses posseiros. Ou seja, as nossas terras que são importantíssimas não só para nós, mas também para todo o planeta, pois contribui para a boa qualidade do ar e também para a sustentabilidade; é distribuída aos grileiros que por muito tempo desfrutou dessas terras sem pagar nada e agora são recompensados por esses atos. Se eles estão recebendo, deveriam pagar por elas o preço justo.


"Hoje em dia, já fica mais barato para um fazendeiro da Amazônia desmatar mais um pedaço de floresta do que recuperar um terreno já desgastado" avalia a diretora do programa Amazônia da ONG Conservação Internacional, Patrícia Baião. "Se o governo passar essa ideia de que a terra na Amazônia pode ser de graça, esse fenômeno pode até aumentar."


Engraçado, para os Índios conseguirem um pedaço de terra para plantar, colher... e assim poder viver com sua comunidade, o governo não se empenha em aprovar uma medida como essa. Eles têm que lutar, se humilhar e, como sabemos, infelizmente até morrem para que isso possa acontecer. Vemos, também, o grande movimento dos Sem Terra que lutam há anos para conseguirem um lugar para morar com suas famílias e não conseguem.


Como o governo se interessa em resolver à situação de uns e se esquecem de outros? Novidade isso não?

Bom, mas voltando ao objetivo do texto, que é a MP458, temos que ficar de olhos abertos e exigir que o governo cumpra com o prometido e vistorie essas áreas com grande rigor.


"O que as autoridades têm que fazer é uma varredura completa da Amazônia. É preciso ir de propriedade em propriedade, marcando em um mapa exatamente onde está cada fazendeiro. Só assim dá para fiscalizar e saber a quem punir quando houver alguma irregularidade." Diz o pesquisador do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Paulo Barreto.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Morre Micheal Jackson. Tudo mudando...


(por Guilherme Peace)

Ontem, dia 25 de Junho de 2009, morreu Michael Jackson, devido a complicações causadas por um ataque cardíaco que o cantor sofreu pela manhã.

O cantor, que completaria 51 anos em Agosto deste ano, deixa três filhos e uma legião de fãs, formada em pelo menos três gerações. Ingressos vendidos para sua turnê com mais de cinquenta shows em Londres estão sendo reembolsados. A família ainda não divulgou nenhuma informação sobre o velório, e autoridades investigam a possibilidade do ataque cardíaco ter sido causado por uso de drogas ou remédios controlados.

É em uma hora como esta que me sinto envelhecido. Ora, qualquer um nascido nos anos 1980, que teve a maior parte de sua infância vivida na primeira metade dos anos 1990, sabe do que estou falando. Os ícones de nossa época estão caindo, um a um. As coisas estão mudando, e a "geração 2000" não entenderia o que isso significa para nós.

Minhas manhãs eram preenchidas pela Vovó Mafalda, a velhinha simpática com um sapato na cabeça, que demorei anos para descobrir que era, na verdade, um homem. Quando morreu, parte do brilho da minha infância foi junto. Mara Maravilha, com seu programa também matinal, sempre me encantou. Hoje é evangélica, e não se tem notícias suas há muito tempo. Vera Verão (Jorge Lafond), me fazia rir muito n'A Praça é Nossa.

Programas saíram do ar, como a TV Colosso, Castelo Ratimbum, desenhos como "Caverna do Dragão" e "Doug", X-Tudo, Eliana dos Dedinhos passou a ser somente Eliana, Angélica agora apresenta o Vídeo Show, a Xuxa não mudou nada.

Na música, éramos embalados por Alexia ("Uh, la la la, I love You baby..."), os Hanson, com sua MMMBop, Shakira ("Estoy aqui, querendo-te..."), Spice Girls, BackStreet Boys... Ou seja, até a música ruim era melhor. Além disso, crescemos juntos com Sandy e Júnior, e me assusto ao ver os dois separados, a Sandy casada!!!

Dá pra acreditar que tem crianças que nunca viram os Mamonas Assassinas (mesmo que o conteúdo de suas músicas nunca tenha sido tão "didático")?

E acima de tudo isso, sempre presente, desde quando nascemos, estava Michael Jackson. Sua dancinha (moonwalk), suas músicas, trejeitos, "Thriller", sua visita ao Rio, usando máscara... Tudo sempre tão presente por toda a nossa infância. Apesar de toda a confusão gerada pelas acusações de abuso de crianças, das polêmicas sobre sua mudança de aparência, e todas as críticas pesadas em cima do cantor, não dá pra negar que ele foi, e sempre será o Rei do Pop.

Só espero que o Silvio Santos não morra tão rápido, nem o Marcelo Tas, nem o Didi. A Xuxa pode.

terça-feira, 23 de junho de 2009

A farra do boi na Amazônia

A indústria da pecuária é o maior vetor de desmatamento no mundo inteiro!!!


A indústria da pecuária na Amazônia é responsável por um em cada oito hectares desmatados no mundo. Os esforços para a reduzir as emissões de gases poluentes e para frear o desmatamento estão incluindo uma série de mudanças ligadas à esse setor.

A Amazônia apresenta a maior média anual de desmatamento do que qualquer outro lugar do mundo. A indústria da pecuária na Amazônia brasileira é responsável por 14% do desmatamento global anual.

De acordo com o próprio governo brasileiro: ‘A pecuária é responsável por cerca de 80% de todo o desmatamento’ na região Amazônica. Nos anos recentes, a cada 18 segundos, um hectare de floresta Amazônia é convertido em pasto.

O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo e é o maior exportador mundial de carne. O governo brasileiro planeja dobrar a participação no comércio global de carne até 2018.

Até 2018, o governo pretende que o Brasil forneça quase duas de cada três toneladas de carne comercializada internacionalmente. O governo brasileiro é sócio da destruição!!!

O Brasil se apresenta como líder mundial no combate ao desmatamento. Na conferência de clima realizada na Polônia, em 2008, o governo brasileiro anunciou seu Plano Nacional de Mudanças Climáticas, incluindo o compromisso de reduzir em 72% a taxa de desmatamento até 2018. Dá para entender???

As florestas mantêm sistemas ecológicos essenciais para a manutenção da vida. A sobrevivência cultural de muitas comunidades indígenas depende de suas florestas. Também tem um papel fundamental na preservação da biodiversidade, pois quase metade das espécies terrestres de fauna e flora é encontrada na Amazônia.

A esperança ainda existe!!!

Podemos perceber que as mudanças estão começando a surgir. Grandes supermercados como Carrefour, Wal Marte, Pão de Açúcar e Marfrig já anunciaram que não vão mais comprar carnes que venham de áreas de desmatamento na Amazônia.

E nós podemos ainda mais!!! O Brasil precisa adotar imediatamente um programa nacional de combate ao desmatamento na Amazônia.
Para proteger e desenvolver a região amazônica, é preciso encontrar soluções ecológica e economicamente viáveis, que ofereçam prosperidade às populações da floresta e segurança ao meio ambiente.

Seja um consumidor responsável: Consuma produtos que você relmente saiba de onde vem e como chegou até você. Exija explicações sobre o que você está consumindo. Se tiver duvidas quanto o seu percurso, não compre. Faça-se ser respeitado agindo de maneira ecológica e socialmente correta. Não só nós ganhamos com essas atitudes, mas sim todo o mundo!!!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

O frio dói de verdade. Dói o corpo, dói a alma...

É galera, o inverno está chegando. Uma das estações mais gostosa do ano. Há quem goste do frio apenas para ficar em casa debaixo dos cobertores, assistindo um filme, comendo alguma coisa, descansando. E há também, aqueles que gostam do frio para tudo. Para sair de casa, trabalhar, andar por ai...
Mas, onde quero chegar com este assunto é falar da precariedade da situação da população de rua nesse inverno. Principalmente nessa cidade, que o frio é realmente de doer.
Sabemos que para essas pessoas o frio chega a causar pânico. Com diz o ex morador de rua, Sebastião Nicomedes, que agora desenvolve um projeto junta à Ocas”: “... Sabe o que é sentir as costas geladas por dentro e por fora, ter dores de dente, de ouvido, com a cabeça dando pontadas ao mesmo tempo, com fome e a gripe perigando virar tuberculose? Tem espirros que só faltam explodir a gente por dentro. Faz doerem as costelas. E as tosses violentas ao peito já sufocado...”. Ainda acrescenta: “... O frio dói de verdade, dói o corpo, dói a alma. Tem noites em que se tem a impressão de que a morte vai chegar de madrugada, transformar a gente em pedra de gelo...
Acreditem: o frio enlouquece, adoece, humilha”.


Muitas pessoas nessa situação tentam driblar o frio com cachaça e depois acabam morrendo. Ou morrem mesmo por hipotermia. Em um trabalho que o projeto Ocas” saindo das ruas desenvolveu nas ruas de São Paulo, entrevistando alguns moradores de ruas, podemos constatar essa gravidade que é o inverno para eles.


“o frio é terrível. E quando venta muito você tem que procurar lugar para fiar. Suportar é difícil. E quando chove também, tem que ir para algum lugar coberto. Agora deram para jogar água. Em vez de lavarem a rua, lavam a gente, que é sofredor. A gente ficava no Parque D. Pedro, a uma hora da manhã pegaram tudo, cesta básica, nossa comida. Ir para albergue? Albergue é sem futuro. Só explora sua pessoa...” Carlos Rodrigues, Walter Luis, Alex Silva e Anderson Gomes.

“eu queria falar pra arrumar uma coberta pra mim. Vixe, meu, coisa ruim o frio! Tem gente que se embebeda tanto, não consegue nem catar um papelão pra se cobrir. O chão já é gelado. Se você não se proteger, o frio mata. Todo ano o frio mata.” Gilson, 40


Será que nós não estamos sendo frios em meio a essas situações?
Como podemos conviver com tanta desigualdade e achar tudo normal?
O que podemos fazer para ajudar essas pessoas? Será que é somente dar esmolas?
Por que achamos melhor ficar quietos e deixar o governo fazer o que querer com nosso dinheiro ao invés de proporcionar uma vida digna para todos de forma justa e igualitária?
Sempre que o inverno chega, pensamos em comprar novos agasalhos, mais bonitos e quentinhos, pois os que temos estão velhos. Saíram de moda.
Temos que nos conscientizar e deixarmos de ser egoístas. Parar de pensar apenas em nós mesmos e começarmos a nos preocupar com a sociedade em que vivemos.
Estamos aqui para sermos mais alguns entre milhões, ou para fazermos a diferença?
Que futuro nós estamos construindo?
Pense e faça!!!
Sei que não podemos fazer muito, mas o pouco que fizermos já ajuda. Doem agasalhos, façam doações, sejam voluntários...

Ocas” saindo das ruas


Ocas” saído das ruas é uma revista publicada pela Organização Civil de Ação Social. A revista é uma chance de mudança efetiva na vida dessas pessoas em situação de rua. A integração decorrente da compra e da venda da revista permite que vendedores estabeleçam contatos com e deem novos passos de reintegração. O objetivo da organização é fornecer instrumentos de resgate da autoestima dos vendedores, criando mecanismos para que o indivíduo seja seu próprio agente de transformação. Dessa forma, a Ocas” é apenas um ponto de passagem, e não um destino efetivo. Ocas” promove a responsabilidade social e publica seções dedicadas a notícias nacionais e internacionais, lançamentos artísticos e ensaios. Além disso, a tem espaço para a expressão dos vendedores e aborda problemáticas relacionadas à exclusão social. A revista é produzida por jornalistas e não depende de grupos de comunicação ou está vinculada e interesses comerciais e políticos. Ajude você também: Compre a revista apenas de vendedores identificados (portam crachá), ou se pode fazer mais, envie um cheque nominal para a Rua Sampaio Moreira, 110, casa 9, Brás, São Paulo-SP, CEP 03008-010 ou faça um depósito no Banco Itaú, agência 0187, c/c 44013-6, enviando o comprovante para o endereço acima. Os recursos doados à organização são investidos na geração de renda e na ampliação de suporte social a novos vendedores. Colabore e nos ajude a promover a responsabilidade social.
O retorno é garantido!!!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Não à MP 458!



A MP 458 apresentada pelo Congresso Nacional no dia 02/06, tem como objetivo a privatização de mais de 26 milhões de hectares de terras da Amazônia. A medida possibilita que 80% das terras públicas apropriadas irregularmente beneficiem grileiros e empresas privadas.
Após uma longa disputa, a bancada ruralista conseguiu nos impor por uma apertada maioria de 23 votos a favor a 21 contra, a Medida Provisória 458, a MP da Grilagem.
Agora a aprovação dessa medida está nas mãos do presidente da República. Cabe a ele decidir o futuro dessas terras, assinando ou não essa medida.
A Amazônia já foi explorada demais. Se continuar dessa maneira, em pouco tempo não nos restará mais nada dela. Com a privatização dessas terras, o desmatamento aumentará e mudanças climáticas continuaram em ritmo cada vez mais acelerado. Não só o Brasil, mas todo o planeta sairá perdendo.
Sabemos que a privatização nunca foi e jamais será um bom caminho para o desenvolvimento de um país. Não queremos ver as nossas terras, que nem precisa falar aqui da importância que tem para todo o planeta, nas mãos de um pequeno grupo de ruralistas que as utilizaram para seus próprios interesses, tirando proveito de suas riquezas e explorando mão de obra para encher seus bolsos de dinheiro. Enquanto muitos sofrem sem moradia, alimentação e dignidade. Dessa maneira nunca iremos atingir a justiça e a igualdade social que tanto precisamos.
A responsabilidade para evitar esse desastre está nas mãos daquele que o criou, o presidente Lula.
Essas injustiças não podem continuar acontecendo. Não podemos permitir que essas ações sejam cometidas. Por isso, peço a vocês que colaborem com essa campanha Não à MP 458, pedindo ao presidente que não assine esta medida. Ligando diretamente para o telefone do Gabinete do Lula: (61) 3411.1200 ou (61) 3411.1201 ou enviando um e-mail pelo link: https://sistema.planalto.gov.br/falepr2/index.php.
Faça sua parte. Afinal, todos nós ficaremos muito gratos se essa injustiça não for cometida.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Pensando verde


Foto tirada daqui.

Hoje, 5 de junho, é o Dia Mundial do Meio Ambiente. Neste ano, a sede do Dia Mundial será no México, para mostrar a importância da América Latina na luta contra a degradação ambiental e as mudanças climáticas, que têm se mostrado cada vez mais drásticas.

O tema das comemorações é: “Seu planeta precisa de você: Unidos contra as mudanças climáticas”.

Este dia de comemoração foi criado pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1972, marcando a abertura da Conferência de Estocolmo sobre o Ambiente Humano.

Mas, creio eu, nós não temos tantos motivos assim para comemorar. Por exemplo:

  • Há somente 2,5% de água doce no planeta;
  • A população está cada vez mais crescente, o que gera um maior consumo e utilização dos recursos naturais para a sobrevivência humana;
  • Milhares de animais são retirados do seu habitat para serem comercializados como espécies exóticas, o que resulta no aumento da extinção, uma vez que muitos destes morrem ao serem transportados (em caixas e gaiolas sem higienização e apertadíssimas para passarem desapercebidos) – lembrando que na China, e em outros países, a pele dos animais são arrancadas quando estes ainda estão vivos;
  • Existem as diversões esdrúxulas e patéticas, tais como as touradas, os rodeios, a caça aos animais silvestres;
  • A caça às baleias ainda é predominante em alguns países;
  • As geleiras dos pólos estão em derretimento;
  • Não há saneamento básico de qualidade para todos;
  • De acordo com o IBGE, no Brasil, 76% do lixo são jogados a céu aberto;
  • Mesmo que o Brasil tenha reduzido cerca de 90% dos desmatamentos da Amazônia em relação ao ano passado, a floresta já perdeu mais de 20% do seu tamanho original;
  • O desmatamento e a grilagem (posse ilegal de terras mediante documentos falsos) são os maiores fatores que contribuem para as queimadas, que por sua vez emitem CO2, contribuindo assim para o aquecimento global – um problema gera outro, que gera outro, e assim por diante;
  • Segundo o IBGE, 20% dos alimentos são desperdiçados;
  • Não há um estudo seguro que comprove os benefícios dos alimentos trangênicos;
  • As pessoas resistem à separação de seus lixos para a reciclagem e ao consumo responsável.

São muitos os assuntos a serem discutidos, muito mais do que esses que eu lembrei e ressaltei.

É verdade que muitas empresas HOJE tomaram a iniciativa de trabalhar somente com produtos ecológicos, o que pode ser uma boa estratégia de marketing. Uma sandália feita de pneu (que algumas comunidades faziam faz tempo, e vendiam nas estradas e feirinhas a um preço baixo) hoje não custa menos que 30 ou 40 reais. Ser ecologicamente correto virou moda. Até mesmo um refrigerante (do grupo Coca-Cola) de guaraná se promove com o marketing EKO só porque contém chá verde em sua composição! Tomar chá verde com guaraná enlatado, na minha singela opinião, não faz você colaborar mais com a natureza, não é deste tipo de propaganda banal que a sociedade precisa para se conscientizar.

Empresas como a Natura, que faz um excelente trabalho, já estão no ramo (de trabalhar com produtos naturais) há muito mais tempo, além de fazer trabalhos sociais que estimulam integração e preservação do meio ambiente.

A curto prazo, nossa contribuição pode parecer (e talvez realmente seja) mínima, mas precisamos fazer algo. Em casa, utilizamos sabão de coco (infelizmente, agora que eu aboli o uso de detergentes, minha mãe utiliza mesmo assim), pois, além de bactericida, tira muito mais a gordura e polui muito menos a água; juntamos óleo vegetal e doamos para pessoas que fazem sabão em barra; separamos nosso lixo e deixamos à disposição (uma sacola com plásticos e garrafas pet, outra só com latas e alumínio, e etc) para as pessoas que sobrevivem da reciclagem; economizamos água e energia, pois nos preocupamos com os recursos naturais que irão “sobrar” para a próxima geração. No começo é difícil se adaptar, mas com o tempo torna-se rotineiro, e até mais prático e, claro, diminui a quantidade de lixo nos aterros sanitários.

Eu sei, eu sei que este post é grande, mas é necessário. Se nós não nos preocuparmos agora (o que deveria ocorrer desde o começo da civilização), em um futuro próximo teremos que fazer uma seleção para ver quem vai habitar o planeta, ou disputar espaço com os lixões, ou ter um organismo que não necessite de água, ou ter uma pele que agüente raios ultravioletas e graus que cheguem à 65º (com o buraco da camada de ozônio, ou pior, sem buraco e sem camada), ou... Enfim.

Se quiserem mais informações sobre a situação do nosso planeta, você pode acessar aqui, ou entrar aqui, e aqui também.

Tem umas dicas da WWF que são super bacanas.

Ou você pode acessar o Código Ambiental da Cidade de São Paulo.

Não seja egoísta e não pense só no SEU futuro. Outras gerações virão.

“Quando a última árvore tiver caído,
Quando o último rio tiver secado,
Quando o último peixe for pescado,
Vocês vão entender que o dinheiro não se come.”

Greenpeace.


Gabi, aqui.

domingo, 3 de maio de 2009

Marcelo Camelo na Virada Cultural 2009

Por Guilherme Peace

Estive ontem na Virada Cultural, em São Paulo, especificamente na rua São João, no show de Marcelo Camelo, que teve início às 00:00 hs.

Camelo tocou as canções de seu disco solo e mais algumas composições suas nos Los Hermanos, em versões inusitadas.

No começo a qualidade do som estava baixa, mas logo isso foi resolvido. A banda Hurtmold, que o acompanhou, está de parabéns, assim como o público, sempre fiel. A organização do festival não deixou a desejar, pelo menos neste show.

Marcelo Camelo fez a versão "sem Mallu Magalhães" de "Janta", que impressionou pela qualidade dos arranjos. A última canção do show, "Além do que se vê" foi de arrepiar, quando os músicos iniciaram uma loucura de instrumental na hora do solo. O trompetista Rob Mazurek não deixou a desejar, e teve seu momento de show particular, muito aplaudido.

Durante todo o show, Camelo elogiou o público e a posição do palco, a vista que tinha dali. “Que lugar incrível. É muito lindo daqui de cima”, disse ele, bem mais emocionado do que na reunião com os Los Hermanos, no Just a Fest, onde fizeram abertura para o Radiohead.

Depois de emocionar o público com a última canção, Camelo foi até o canto do palco e beijou a namorada Mallu Magalhães, em sinal de que o show também o emocionou, provavelmente.

A Virada Cultural prossegue, e daqui a pouco eu sairei da casa do meu amigo Alex, na Sé, e caminharei até a São João, no mesmo palco em que assisti Marcelo Camelo, desta vez para ver a Maria Rita.

Acho melhor não me atrasar...



Guilherme Peace

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Vida de Cão

Dizem que o cão é o melhor amigo do homem. E como poderia? Tudo o que vejo é um animal quadrúpede que anda abanando o rabo, só come e suja as calçadas? Como pode um animal tão frágil e aparentemente tão inútil ser também tão importante? Mas é. É verdade o que dizem. O cão é o melhor amigo que o ser humano poderia ter. Melhor até que o próprio ser humano. E não é difícil imaginar os porquês. O cão é o único que fica esperando ansioso para que seu “amigo” volte para casa, é o único que oferece companhia sem nada querer em troca, é o único que respeita verdadeiramente seu “amigo”, é o único que sabe receber e retribuir e o único que está sempre por perto quando precisamos.
Há muitos filmes e livros falando sobre essa verdadeira relação de amizade entre o cão e seu dono. Mas um em especial me chamou a atenção: Marley & Eu. Além de tudo, é ambos, livro e filme e relata o modo como um cão é visto na família, sendo como verdadeiro membro. Para quem ainda não leu ou ainda não assistiu, que o faça assim que puder. Quem conhece e sabe que um cão é insubstituível, entenderá perfeitamente a mensagem transmitida na história do jornalista John Grogan. A mensagem se tornará mais interessante para quem algum dia já teve um amigo sincero e o perdeu.
Viver ao lado de um animal tão carinhoso por 13 anos foi emocionante para o jornalista que se deparou com uma nova carreira pós Marley: escritor. O livro foi lançado em outubro de 2005, nos Estados Unidos, com 304 páginas de puro amor ao cão labrador. Virou um best-seller em diversos países, inclusive no Brasil. Foi adaptado ao cinema três anos depois, dirigido por David Frankel. E nem precisa dizer que foi um sucesso de bilheteria, alcançando o 1º lugar nas bilheterias na primeira semana de exibição, mantendo essa posição na segunda semana. As emoções passadas por John podem ser captadas até mesmo pelo mais leigo na questão fidelidade animal, mas que carrega um coração humano.
Ao Marley, um cachorro tão astuto, tachado inicialmente como o pior cão do mundo, ficou uma vida feliz e que não neessita de complementos. Ele sabia que não poderia estar em lugar melhor do mundo do que no seio de uma família que tanto o amara. À familia Grogan, uma família complicada como qualquer outra e cheia de defeitas, ficou a visão de que mundo perfeito existe, nem que seja apenas aquele visto pelos melhores ou piores cães do mundo. Eles sabiam o quanto eram amados por Marley.
E sempre serão.
Bruna Sousa

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Análise de Álbum: Mallu Magalhães

Por Guilherme Peace

Quem ainda tem dúvidas de que a internet é o meio de comunicação do presente e do futuro, realmente não percebeu a capacidade deste veículo, tão presente no nosso dia a dia.


Prova disso é a cantora Maria Luiza de Arruda Botelho Pereira de Magalhães, ou simplesmente Mallu Magalhães, que lançou seu primeiro álbum em novembro de 2008, em contrato com a operadora de telefonia Vivo, para a qual Mallu canta duas das canções utilizadas em propagandas. Agora, a menina de 16 anos, sucesso da mídia, tanto por suas músicas quanto pelo conturbado namoro com o ex-Los hermanos Marcelo Camelo, gravou um DVD ao vivo, que será lançado oficialmente no dia 25 de Abril, com um show no Citibank Hall.


Tocando vários instrumentos, entre eles gaita e escaleta, Mallu Magalhães apresenta uma musicalidade simples e inocente, mas com muita carga cultural, onde é fácil identificar as influências do folk, de cantores como Bob Dylan e Johnny Cash. Em entrevistas, Mallu assume ser influenciada também por artistas da tropicália, como Caetano Veloso.


O disco traz, em sua maioria, canções em inglês, mas conta com duas em português, que mostram que a garota tem um talento para compor em nossa língua que devia ser mais aproveitado. Porém, ela se defende com a ideia de que a expressividade é mais latente na língua do Tio Sam. O ritmo folk cantado e tocado por Mallu é cativante, como a voz doce de menina, causando uma sensação de tranquilidade e soando prazerosamente familiar. Destaque para as canções "J1", "Tchubaruba" e "Vanguart", rits da internet.


Então, na busca por músicas novas e diferentes do que está sendo divulgado, vale conferir Mallu Magalhães. Boa música, boa voz, boa performance.


Dia 25 de Abril no Citibank Hall - São Paulo - 22 horas
Citibank Hall - Av. Jamaris, 213 - Moema, São Paulo, São PauloMais Informações: (11) 2846-6010Venda a grupos: 2846-6166 r:6232


segunda-feira, 13 de abril de 2009

Será que vivemos numa Matriz?


Semana passada (mais precisamente quinta-feira) o tema da aula de filofia foi "Matrix, bem-vindo ao deserto do real". Correndo o risco de ser linchada por quem possui opiniôes contrárias às minhas, amei ler sobre esse assunto.
Foi passada de mão em mão uma apostila sobre o assunto. O conteúdo era o primeiro capitulo do livro citado acima. Esse livro é uma coletânea de Steve Irwin. Muito legal. O problema é que durante a aula só foi possivel comentar sobre esse pequeno capitulo.
Gostaria de sugerir que os meus caros amigos de aula que leiam esse livro. Garanto que vocês vão entender mais sobre o assunto discutido (assunto esse que vai cair na prova). O livro pode ser encontrado na biblioteca da faculdade.
Até a próxima.
Ah... fica a pergunta: Será que é possivel isso acontecer algum dia?
By Claudia Chagas®

Nirvana é mesmo a melhor banda ?? Quem disse, a MTV ??

Pára !


"Quase" todas as bandas grunge tem em suas letras sentido do cotidiano, seja dos problemas, das felicidades, sonhos ou realizações. Mas são do cotidiano. Das pessoas em geral. Eu digo quase todas porque o Nirvana foge dessa regra. As letras são confusas, eles são desorganizados quanto às melodias, claro que fazem sucesso entre os adolescentes porque realmente é algo jovial, que quer expandir-se, gritar e explodir com tantos hormônios férvidos.Mas não tem como comparar Nirvana com Alice, mas nem de longe. Com Pearl Jam então, putz, aí piorou a situação !


O som, a sonoridade grunge requer algo mais que barulheira. São necessários as opiniões, os questionamentos, as indginações, a vontade de mostrar como as coisas são e como poderiam melhorar, enfim, tudo o que é próprio do jovem. A atitude acompanhada de idéias se faz necessária e isso o Pearl Jam sabe fazer muitíssimo bem, vá ouvir "Do The Evolution" (como o ser humano transforma o mundo e sobrevive através das sociedades e culturas), ou "Jeremy" (uma criança pode tornar-se um problemático indivíduo por não ter a devida atenção dos pais), ou "Even Flow" (a vida de um mendigo), ou até mesmo "Betterman" (fala sobre uma mulher que sofre nas mãos do marido e não sabe qual rumo tomar na vida)... Ufa, é música pra caramba, e que trata dos problemas mais diversos possíveis !!


Então vamos ao ponto central: Não estou dizendo aqui que a música do Nirvana seja ruim, mas com certeza é sem conteúdo, não acrescenta em nada e por tal motivo é ridículo o fato de ser tão idolatrada como se fosse a única ou a melhor banda grunge do planeta. Vamos, ponham o orguinho pra funcionar, porque alienação é tudo o que o povo não precisa.


;D Gabi - Cal Rock !

quinta-feira, 9 de abril de 2009

15 anos sem Kurt Cobain, 7 sem Layne Staley

Por Guilherme Peace
Há quinze anos, no dia 8 de Abril de 1994, pela manhã, o jardineiro e eletricista da mansão dos Cobain ligou para a polícia. Ele acabara de encontrar o corpo de Kurt Donald Cobain, 27 anos, que estava desaparecido haviam dias. Morria ali, oficialmente para o mundo, um dos maiores ícones adolescentes de todos os tempos. Deixou mulher, filha e toda uma geração de fãs desolados. Era o fim de uma era musical, o início da decadência do Grunge.
Ele havia morrido três dias antes, por suicídio.
Na mesma data, mas no ano de 2002, Layne Staley cometeu suicídio por overdose de uma mistura de heroína e cocaína, conhecida como speedball. Seu corpo foi encontrado quinze dias depois, já em estado de decomposição. Parece esta ser uma data maldita para o Grunge.
Como forma de tributo aos dois cantores e compositores, farei uma breve lista com algumas músicas e shows para entender um pouco mais sobre o líder do Nirvana e o do Alice in Chains.


Para entender Kurt Cobain:
Começo com o primeiro disco do Nirvana, "Bleach", de 1989. O disco é carregado da influência que o músico tinha da banda Melvins, da qual era fã assumido.

- Blew (faixa 1 - mostra bem a crueza do som da banda no início)
- Love Buzz (faixa 5 - música da banda Schocking Blue, com uma roupagem mais agressiva do Nirvana)
- Negative Creep (faixa 7 - uma das músicas mais marcantes do Nirvana, perpetuou-se como mais sombria composição de Kurt Cobain)

Em 1991, toda a indústria musical foi abalada pelo lançamento de "Nevermind", que com a música de entrada "Smells like teen spirit", desbancou Michael Jackson do primeiro lugar das paradas em todo o mundo, sendo comparada apenas com o sucesso dos Beatles.

- Smells like teen spirit
- Polly
- Lounge Act
- Drain You
- Something in the way
Em 1993, o último álbum de estúdio com músicas inéditas do Nirvana foi lançado. In Utero não teve a mesma repercussão que Nevermind, mas mostrou como a composição de Kurt Cobain evoluiu para algo mais adulto e sombrio, mesmo com as claras influências de sua então esposa, Courtney Love.
- Serve the servants
- Heart-Shaped Box (composta, segundo as lendas, em conjunto com Courtney Love)
- Pennyroyal tea

O álbum Incesticide, lançado em 1992, foi uma compilação de b-sides do Nirvana e covers de algumas músicas que a banda vinha tocando em shows ao longo da carreira. Entre as canções, destaca-se Molly's Lips, regravação da banda The Vaselines, que Kurt gostava ao ponto de batizar sua filha com o nome da vocalista Frances.

- Dive
- Molly's Lips (Vaselines)
- Been a son
- Son of a gun (Vaselines)
- Aero Zeppelin (em homenagem ao Aerosmith e Led Zeppelin, é considerada a Stairway to Heaven do Nirvana)

Além dos 4 discos principais, foram lançados vários com lags (discos com músicas raras, inéditas e gravações não-oficiais), e o belo Unplugged MTV, gravado em Nova Iorque e considerado um dos melhores acústicos da série. Deste clássico show, ofereço:

- About a girl (em uma versão mais calma e melancólica)
- The man who sold the world (de David Bowie)
- Plateau, Oh, me, Lake of fire (dos Meat Puppets, que fizeram participações especiais no show)
- Where did you sleep last nitgh (de Leadbelly, com ênfase ao segundo verso, onde Cobain, diferentemente dos ensaios, deixa a voz rasgar, eternizando a canção como um último suspiro antes de seu suicídio em 94)

Escutando estas canções e procurando os vídeos de shows, é fácil identificar todo o peso e entender por que Kurt Cobain se tornou o que é hoje para o rock em geral.


Para entender Layne Staley:

O álbum Facelift foi lançado em 1990, antes do importante Nevermind do Nirvana, mas ainda assim ficou marcado por canções que ainda hoje embalam muitos jovens e servem de inspiração para muitas bandas. Ao contrário do Nirvana, o Alice in Chains é uma banda grunge de mais peso, com maiores influências do Heavy Metal do que o Punk da banda de Kurt Cobain.

- Man in the Box
- Love, Hate, Love

O segundo disco, Dirt, foi lançado em 1992, no auge da "Era Grunge". Este foi o disco responsável por consagrar a banda como a de mais qualidade sonora do estilo, principalmente pelos perfeitos conjuntos das vozes de Layne Staley e Jerry Cantrell.
- Them Bones
- Down in a hole
- Would?

O EP Jar of Flies, lançado em 1994, foi importante justamente por ser o primeiro disco neste formato a chegar ao topo das paradas da Billboard e, marcando presença maior que o disco em estúdio Alice in Chains, que viria em seguida, em 1995.
- Nutshell
- No Excuses


Além destes trabalhos, existem os vários não-oficiais que ambos os músicos participaram. De Kurt Cobain, foi lançado em 2005 o encantador "Sliver: the Best of the Box", com gravações raras, em voz e violão e versões antigas, até mesmo em ensaios do Nirvana. Diz-se que a própria filha de Kurt, Frances Bean Cobain, foi quem escolheu as músicas que entrariam na coletânea.



Layne participou de um projeto chamado Mad Season, em que participavam também o guitarrista Mike McCready do Pearl Jam, o baterista Barret Martin do Screaming Trees e o baixista John Baker Saunders.


Então, acompanhando a volta do Grunge na moda (do meu texto anterior), vale homenagear estes dois ícones da música "noventista", prestigiando seu trabalho primoroso. Espero que a dica tenha valido e que as canções escolhidas lhes agrade tanto quanto a mim.



Guilherme Peace

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A volta do Grunge, na moda e na música

Por Guilherme Peace



Passando pela banca de jornais neste último domingo, me deixei parar por ver uma palavra que há muito não via em destaque: Grunge. A palavra estava inserida em uma manchete do Jornal Agora, de São Paulo, e vinha acompanhada de uma pequena revista, onde os anos 90 eram citados como agora remanescentes. Obviamente, por ser integrante de uma banda deste estilo musical, me interessei e resolvi fazer uma pequena pesquisa sobre o assunto.
Sabemos que, no geral, a moda tem um aspecto renovável incrível; de épocas em épocas, ela se repete de forma diferenciada, trazendo tendencias que já foram utilizadas. Ainda há pouco tempo, os vestidos comportados dos anos 50, cabelos à la rockabilly, batons de um vermelho berrante e outras características da moda desta época estavam tão em alta quanto os famosos scarpin, disputados nas vitrines com igualdade.
Logo em seguida, tivemos a remassificação dos anos 70 e 80, onde o colorido e o descombinante voltaram a desfilar pelas ruas. na música, bandas como Strokes, CSS, Mallu Magalhães, as várias de rock britânico, entre outras, renovaram os estilo antiquados, trazendo-os à tona. Temos o Folk, o rock clássico, o oitentista barato e divertido, todos em novas roupagens por estas e outras bandas. Então, não era de se estranhar que o movimento mais famoso dos anos 90 também voltasse, na passarela, na música e na mídia.
Em uma postagem especial para o TERRA, Elis Martini comenta: ''Atualmente o estilo grunge tem aparecido com cada vez mais freqüência nas passarelas ou em looks de celebridades. A atriz Katie Holmes, mulher de Tom Cruise, é famosa por suas calças e cardigãs folgados bem ao estilo grunge. Mary-Kate Olsen é outra que aderiu à moda, já tendo sido vista de camisa xadrez diversas vezes.''
Não só estas, como várias outras celebridades já foram fotografadas usando roupas no estilo grunge. Até mesmo em programas de TV, vemos famosos (que conhecem ou não o estilo), usando camisa-flanela e jeans desbotados.
Na interessante matéria, Elis Martini continua: "Nas passarelas, o estilo grunge geralmente aparece revisitado e em uma versão mais moderna. A marca inglesa Mulberry, por exemplo, apostou nos delicados vestidos usados por Courtney Love na sua última coleção de inverno. Já a brasileira Osklen trabalhou com as malhas listradas características do estilo nas peças apresentadas na São Paulo Fashion Week Outono/Inverno 2008. "
Minha banda, a antiga "Bagunça Organizada", sempre trouxe o grunge como tema principal. A música caracteristicamente grunge, com guitarras distorcidas e letras sombrias esteve tão presente no início dos anos 90 quanto as calças rasgadas, camisas-xadrez, juventude letárgica e cabelos bagunçados.
Assim sendo, com o retorno do movimento Grunge pré-anunciado pelos jornais e comentaristas de moda e música, vejo uma chance de reviver o bom e velho movimento, utilizando-me de minhas próprias canções como trilha sonora.
E que, se forem aderir à bela e excêntrica moda, que seja ouvindo Bagunça Organizada, Nirvana, Alice in Chains, ou qualquer banda nova que relembre este já clássico estilo, estético e musical.
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Guilherme Peace
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Para ouvir Bagunça Organizada: http://www.palcomp3.com.br/bagunca_organizada/

sexta-feira, 27 de março de 2009

Um Marco Histórico

Por Guilherme Peace

Para todos os que estiveram no último domingo, dia 22 de Março, na Chácara do Jockey em São Paulo, assistindo ao show do Radiohead, tenho certeza de que a sensação de ter participado de algo histórico, foi tão forte quanto é em mim.
Cheguei aos portões por volta das 14 hs, onde tirei a sorte grande ao encontrar o Breno Vetorassi, Cézinha, Bozano e alguns dos antigos amigos e conhecidos de Ribeirão Preto. Não fosse este fato, eu teria que ir para o longíquo fim da fila...
É claro que a energia no ar era quase palpável, principalmente por podermos ouvir a passagem de som através do muro. Quando os portões foram abertos às 15 hs, todos utilizaram desta energia para correr, tentando pegar um bom lugar. Fiquei, junto dos amigos de Rib, tão próximo ao palco que não acreditava na sorte. Foram 4 longas horas de espera, em pé, sentado ou deitado, no meio da multidão. Quatro horas muito bem compensadas, no simples fato de ver Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Bruno Medina e Rodrigo Barba entrando no palco, além dos metais, e um coro arrepiante de "Todo carnaval tem seu fim", música de abertura do show.
Aliás, seria imbecilidade de minha parte não chamar de "arrepiante" o coro de todas as canções dos Los Hermanos. Praticamente trinta mil vozes, emocionadas, cheias de carinho e indentificação com as músicas da banda que não viam em palco desde o hiato, há cerca de dois anos.
Além das músicas, a multidão entoava um "volta!volta!", que os integrantes da banda preferiram ignorar. Contando com a frase de Amarante - "meu Deus! Tem muita gente aqui!" - e as dancinhas dele e de Camelo, o show foi completo. Quase 1 hora e meia de show, sem bis.
Em seguida, e muito pontualmente, os robóticos alemães do Kraftwerk subiram ao palco, com toda a elegância tão própria.
Vê-los parados, enquanto o telão e as músicas interagem tão fortemente com o público, é fascinante.
Muitas pessoas se sentiram incomodadas pelo fato da música eletrônica não estar em plena harmonia com o estilo do evento, o que não é verdade, já que o próprio Thom Yorke demonstra enorme influência da banda alemã em músicas do Kid A, como Idioteque, por exemplo.
Apesar de todo o conceito artístico de Kraftwerk, o tempo de espera e o fato de a maioria dos espectadores não poderem cantar junto, fez com que o show ficasse um pouco cansativo. Mas muito bonito.
E, enfim, o palco é arrumado para o grande desfecho. Os tubos de luz até então escondidos nas laterais, tomam o centro e se espalham de maneira uniforme. Vêmos um dos roadies trazer a tão bela e famosa guitarra de Jonny, uma stratocaster já bem arrebentada, que os fãs o viram usar por tantos anos em vários vídeos. E então, eles.
Thom, Colin, Phil, Jonny e Ed, como deuses encarnados (pelo menos é como a gritaria dos fãs os tratou), assumem suas posições, quase timidamente. E um show para nunca mais se esquecer, para separar em duas partes a vida de qualquer um, para mudar os conceitos de show belo e artístico e profissional e bem produzido, começa.
A energia deles, a pegada de Jonny, o alheísmo de Thom, a simpatia e profissionalismo de Colin e Ed, a sobrieidade de Phil, contagia com facilidade todo o público.
Impossível não gritar, impossível não dançar em "15 Step", impossível não sentir a sensualidade de "Idioteque", mas ainda mais impossível, improvável, inconcebível, não se debulhar em lágrimas em "Fake Plastic Trees".
A união perfeita entre luz e som, a voz de Thom, os arranjos de Jonny e Ed... A banda simplesmente mostrou que, no que fazem, são os melhores.
É claro que estas são opiniões de um fã que, três dias após o show, ainda não consegue deixar de sentir a comoção - sim, comoção é a palavra correta - que ver Radiohead ao vivo, causou.
Tudo, do início ao fim, do "Obrigado" dito em português por Thom Yorke, das brincadeiras de Colin e Jonny no palco, atiçando o público, do carisma de Ed, dos "bises", até o final, com a espetacular "Creep", canção já batida, mas que ainda provoca o enlouquecimento dos fãs, principalmente pelos efeitos do palco e as "fritações" de Jonny (além da emoção na voz de Thom), tudo foi perfeito.
Só consegui escrever hoje, não por falta de tempo. Só consegui escrever hoje por que apenas hoje encontrei palavras para descrever esta impressionante experiência pela qual passei. Um marco histórico. E, lendo o texto, vejo que fui medíocre ao tentar descrever o indescritível. A perfeição não cabe em um texto.
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Guilherme Peace, 25 de Março de 2009, 21hs.02min.
Com fotos de Douglas Bosco.