segunda-feira, 17 de maio de 2010

AQUI JAZ UMA CRÍTICA*

~~> Por Bruna Sousa



Morte: a única certeza que temos da vida. O único destino certo para cada um dos seres viventes. Só não sabemos quando nem como morreremos, que pode nos pegar desprevenidos, ou chegar somente após a velhice.

O filme ‘Nós Que Aqui Estamos Por Vós Esperamos’, de Marcelo Masagão, discorre sobre a morte como condição única do ser humano, mas a mostra como conseqüência da guerra, do mundo capitalista ou da exploração industrial, deixando clara a posição do diretor em relação ao mundo capitalista.

O Mundo Capitalista: tão vivido e tão criticado. Por quê? O capitalismo domina boa parte do mundo, leva as pessoas à aparente sensação de vida melhor, entregue ao mundo das facilidades, já que hoje em dia nem é mais preciso pensar, pois a Indústria
Cultural, produto do capitalismo, pensa pela sociedade. E age por ela. Mas a sociedade e o sistema são dominados pelo desejo de poder, pela vontade de serem os donos de tudo. E poder gera discórdia. Discórdia gera brutalidade. Brutalidade gera guerra. Guerra trás a aproximação da morte, e consequentemente, a própria morte.

Sim, meus caros, o capitalismo é assassino de seus idealizadores e, principalmente, de sua sociedade. Somos vítimas de nosso sistema, que foi implantado contra a vontade de pequena parcela da sociedade e aceito por aqueles que abdicaram do direito de pensar e construir ideais: os alienados.

Somos vítimas de nossos próprios atos, de nossas próprias escolhas. O crescimento industrial trouxe mais guerra. Irmãos que se odeiam e se matam pela busca de poder, vitória. E se sentem patriotas e orgulhosos quando são convocados para a guerra, com um falso idealismo, criado pelo sistema, que não transparece ser seu verdadeiro autor e aliena cada vez mais o indivíduo, que recebe uma medalha, colocada próximo ao coração que pára de bater. É como se dissessem: te dou fama, honra e prestígio. Em troca você me dá a sua vida.

E a guerra leva irmãos à inimigos. O ódio que cresce sem fundamento domina a mente alienada de muitos. Mas chega uma parte da consciência, fazendo com que poucas cabeças pensantes vejam o completo erro do sistema e lutem contra, procurando implantar outro. Mas a discórdia cresce. Um sistema torna-se inimigo de outro. Impossível saber até que ponto existe consciência. E a guerra continua, carregando a nação fadada a estar sempre em guerra: seja por idealismo, seja por alienação, seja por falta de diálogo.

No filme-documentário temos exemplos de casos assim: trabalhadores, maridos, esposas, filhos, patriotas que fabricam as armas e criam inimigos, que acreditam fazerem a coisa certa, capazes de matarem o próprio filho se alguém à frente do sistema lhe disser: eis o teu inimigo, eis o nosso inimigo. Livre-se dele!

Morte: a única certeza da vida. E é aí que chega, finalmente, a paz. Corpos de pessoas enterradas em cemitérios, sem distinção de credo, raça, cor, religião, corrente de pensamento ou idealismo. E na entrada a inscrição que traduz bem a certeza da vida: Nós que aqui estamos por vós esperamos. E é pra lá que todos iremos no final, tendo um silencioso jazigo dizendo: JAZ AQUI MAIS UMA VÍTIMA!




*Resenha crítica escrita para matéria de Sociologia (2009)

Um comentário:

  1. Sistema capitalista: assassino frio e feroz...
    De pensar que nós mesmos somos os criadores dessa fera... e somos moldados por ela!

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